Projeto de Belém convoca mais de 20 artistas para compor um dos maiores museus de arte urbana da América Latina
30/10/2024
21 Artistas nacionais e internacionais transformarão o Complexo Ver-o-Rio no maior museu a céu aberto do Norte do Brasil Fauna e flora ribeirinha são destaque do MAUB
Divulgação/MAUB
Os muros, paredes e fachadas do Complexo Ver-o-Rio começam a tomar nova forma a partir desta semana, quando 21 artistas visuais dão início à concepção a segunda edição do Museu de Arte Urbana de Belém (M.A.U.B), uma área de 6 mil m².
O projeto de valorização da arte urbana deste ano apresenta nomes consolidados do cenário paraense, amazônico e internacional, fazendo do Complexo Ver-o-Rio um dos maiores museus a céu aberto da América Latina.
No total, serão 6 mil m² em 19 painéis espalhados pelas ruas às margens da Baía do Guajará, cravando o M.A.U.B como o maior museu a céu aberto do Norte do Brasil e da Amazônia.
Transformação para a COP 30
Com o crescimento do turismo na região após a confirmação de Belém como sede da COP30, em novembro de 2025, a transformação do espaço turístico é ainda uma oportunidade de tornar a capital paraense parada obrigatória para turistas amantes da street art.
Em 2024, a curadoria do projeto, novamente a cargo do paulista William Baglione, analisou 135 inscrições, mais que o dobro do recebido no ano passado. "O M.A.U.B ainda está em sua fase inicial, mas já nasce com ambições globais claras.
Para Baglione, a arte de rua é a mais democrática que existe, pois nasce da espontaneidade, muitas vezes financiada pelo próprio artista, e pode abordar questões políticas, sociais ou simplesmente estéticas.
Além disso, o curador acredita que atinge a todos que transitam pelas ruas, sem distinção: independentemente de classe social, idade ou meio de transporte, seja o espectador a pé ou em um carro blindado. "De alguma forma, a arte nas ruas impacta a todos que passam por ela", diz.
Abridor de letras leva a tipografia dos rios para os muros do MAUB
Divulgação/MAUB
Os artistas vão abordar temáticas como medicina dos povos originários, fluxo migratório, águas internas e ciclos da mulher, lendas regionais e rituais para apagar o fogo e trazer a vida de volta à Amazônia foram escolhidas pelos artistas para dar vida às obras.
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"Graffiti, street art, muralismo, nova arte contemporânea. O M.A.U.B celebra a arte das ruas, independentemente de rótulos, em harmonia com outras manifestações culturais juvenis que florescem tanto nas grandes capitais cosmopolitas quanto em cidades menos conhecidas, em todos os continentes, ao longo das últimas cinco décadas.
Em nossa segunda edição, temos a honra de contar com a participação de artistas e organizadores ligados a projetos consagrados, como o CURA, de Minas Gerais, e o Concreto, de Fortaleza. Esses festivais já se firmaram em suas cidades, curando dezenas de artistas brasileiros e internacionais em múltiplas edições. A troca de experiências e a construção de uma agenda nacional colaborativa entre projetos são fundamentais para o crescimento contínuo e para a criação de novas oportunidades para um número cada vez maior de artistas", destaca o curador.
As cores e traços do maior paredão, de com cerca de 2 mil m², serão assinados pelos paraenses Drika Chagas e Éder Oliveira. "Ao reunir esses dois talentos em um único espaço, queremos entregar à cidade uma obra que dialoga profundamente com nossa cultura e identidade, consolidando o festival como um importante ponto de encontro da arte urbana no Brasil", ressalta Baglione. O processo de marcação e pintura se estenderá pelos próximos 20 dias.
MAUB chega a segunda edição com mais de 20 artistas muralistas
Divulgação/MAUB
Belém na rota do Street Art
Além de impulsionar o turismo da arte de rua na capital, com a entrega de uma nova paisagem urbana no Complexo Ver-o-Rio, o projeto surge como um canal de representatividade para os artistas da street art. "O M.A.U.B vem sendo pensado a longo prazo e Belém precisava de um espaço como esse. Esse segmento da arte precisava de uma representatividade não só dos paraenses, mas principalmente dos artistas da Amazônia. Agora temos um museu de Street Art para chamar de nosso!", afirma o idealizador da iniciativa, Gibson Massoud.
A escolha dos artistas é feita por meio de edital público. Em 2023, foram 25 artistas e 19 obras inéditas trabalhando durante 63 dias - desses, 20 dias de pintura direto sob o sol, chuva e algumas dificuldades de logística pela grandeza do projeto.
"Se eu contar que tivemos que buscar sprays em Manaus e esperar cinco dias para chegar de barco em Belém, pois nos outros estados vizinhos não tinha mais, ninguém acredita. Essas são as dificuldades de quem executa projetos na Região Norte do País. Mas eu acredito que no final tudo valeu a pena. Ganhamos um espaço nosso, feito por artistas e produtores daqui. Que mesmo com todas as dificuldades, ainda acreditam que a arte pode mudar a vida das pessoas", pontua.
Além da exposição e obras inéditas, a iniciativa conta com oficinas de arte urbana ministradas pelos artistas participantes e selecionados no Edital, visitas guiadas durante o mês de novembro e um grande festival no dia da inauguração, marcada para o dia 10 de novembro. A programação de música, arte e esportes, intrinsecamente ligada à cultura urbana, ocorre no Complexo Ver-o-Rio e será totalmente gratuita.
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